Cultivo
em Toras de Eucalipto
O Cultivo em toras de
madeira pode ser feito com a maioria das espécies comentadas nesse
site. A espécie Stropharia rugoso-annulata não se desenvolve
em toras de madeira , porém pode ser cultivada em cavacos de madeira
frescos.
Uma das espécies
comestíveis mais cultivadas no mundo em toras de madeira é o
Shiitake (Lentinula edodes). No Brasil, o Shiitake é bastante cultivado
em toras de eucalipto. O cultivo de cogumelos em toras apresenta algumas
vantagens e desvantagens. Veja algumas :
Vantagens:
A madeira é uma matéria prima relativamente limpa que não
requer tratamento térmico, a exemplo do cultivo em serragem ou compostos
, os quais requerem alguma espécie de tratamento térmico
para eliminar os organismos competidores.
A madeira para uso no
cultivo de cogumelos
deve ser recém cortada e não apresentar sinais de deterioração
por fungos e nem estar ressecada. A casca deve recobrir toda a tora , devendo-se
evitar seu ressecamento ou a incidência de raios solares diretos
que causam a queda da casca.
A formação do cogumelo inicia-se
sob a casca e nos locais onde ela caiu, o cogumelo geralmente não
se forma.
Desvantagens :
O período de incubação das toras é geralmente
longo (em média 3 a 5 meses). A produtividade de algumas espécies
de cogumelos em toras (por exemplo : Pleurotus) é geralmente mais
baixa que a produzida em compostos pasteurizados além da desvantagem
do maior tempo de incubação (em compostos, o tempo de incubação
gira em torno de 15 dias).
Apesar disso ,as toras
de madeira são
muito utilizadas em pequenas produções de forma artesanal
e até em grandes cultivos.
Princípios
do Método
O príncipio do
cultivo em toras de eucalipto resume-se em cortar as toras em tamanhos
manuseáveis (1 metro de comprimento por 12 a 15 cm de diâmetro),
furar os pontos de inoculação com brocas e furadeira elétrica,
inocular todos os furos com inóculo feito a base de serragem e tampar
os furos inoculados com parafina derretida.
Depois de inoculadas
as toras devem ser empilhadas em um local adequado para que o micélio colonize
toda a tora (incubação) onde devem ser irrigadas todos os
dias para evitar o ressecamento da tora e da casca.
Depois de incubadas,
as toras são mergulhadas em água mais fria que o ambiente
(choque térmico), escorridas e colocadas em outro local para proceder-se
o crescimento e a colheita dos cogumelos.
O choque térmico em água
ocasiona o aparecimento dos primórdios do cogumelos sob a casca
das toras devido ao aumento do teor de umidade e a diminuição
da temperatura.
Preparo
das Toras
Materiais
necessários:
Inóculo preparado
em serragem, brocas ,furadeiras ,parafina para fechar os furos inoculados,
inoculador e as toras cortadas na medida padrão comentada acima.
Etapas
do Cultivo
A produção
de cogumelos em toras de Eucalipto pode ser dividida em várias etapas
:
01 -
Preparo do inoculante
02 - Seleção da árvore
e corte das toras de Eucalipto
03 - Furação das toras
04 - Inoculação das toras
05 - Fechamento dos furos com parafina
derretida
06 - Incubação das toras
07 - Indução dos Primórdios
e Frutificação
08 - Colheita
09 - Fase de Descanso das Toras
Etapa
01 – Preparo do Inoculante
A qualidade do inoculante é um
dos fatores que levam à uma boa produção de cogumelos.
Este inoculante pode ser feito em serragem de acordo com a o procedimento
da página Preparo de inoculante.
O inoculante sadio totalmente
colonizado deve ter coloração
branca CLIQUE
AQUI e estar isento de contaminantes coloridos (contaminação
por fungos) CLIQUE
AQUI , ou apresentar líquidos com cheiro azedo (contaminação
bacteriana) .
O produtor deve programar
o corte e a inoculação
das toras de forma a usar um inoculante que tenha sido preparado recentemente
e que esteja na fase de crescimento máxima , onde o micélio
está totalmente ativo, colonizando a tora com mais facilidade.
É importante
que o inoculante esteja totalmente colonizado pelo micélio do
fungo para poder ser usado. Se existirem áreas onde o micélio
não
colonizou a serragem , aguardar até que toda a serragem seja
colonizada para poder usar o inoculante.
No caso do Shiitake ,
o inoculante que foi
incubado em excesso pode apresentar a formação de uma
capa externa endurecida de coloração marrom e eliminação
de líquido marrom , não devendo ser usado , por ser um
inoculante velho.(CLIQUE
AQUI)
Etapa
02 - Seleção das árvores e corte das toras de Eucalipto
Para obter-se uma colonização
rápida pelo micélio do fungo devemos escolher árvores
jovens que apresentem uma região de cerne pequena em relação
ao diâmetro da tora.
O cerne ,que pode ser
visualizado quando se faz um corte transversal na tora, apresenta coloração diferente
e corresponde à parte mais central da tora (“miolo”) CLIQUE
AQUI . Essa região apresenta maior resistência à decomposição
pelo micélio do fungo , demorando mais tempo para entrar em produção.
De preferência use as toras que tem menos cerne CLIQUE
AQUI .
O diâmetro ideal das toras deve estar em torno de 10 a 15 cm e o comprimento
em torno de 0,8-1,2 metros. As toras com diâmetro pequeno (5 a 8 cm)
iniciam a produção antes que uma tora mais grossa , porém
a quantidade de cogumelos e o tamanho destes é menor , além de
deixarem de produzir cogumelos mais cedo.
As toras mais grossas
que 15 cm podem ser usadas , porém demorarão mais tempo para iniciarem a produção.
Essas toras devem ser cortadas em comprimento menor que 1,0 metro para facilitar
o manuseio , devido ao seu maior peso .
Devemos escolher árvores que
apresentem casca lisa e grossa porém sem machucados , o que facilitará a
inoculação e diminuirá a possibilidade de ocorrerem contaminações
das toras no momento da inoculação.
No momento da derrubada da árvore devemos fazer com que a mesma caia
evitando atingir outras árvores ou mesmo pedras no solo. Os machucados
na casca provenientes do choque entre árvores permitem que os contaminantes
presentes no solo e no ar penetrem na tora antes que o micélio do fungo
possa se estabelecer.
Da mesma forma devemos
evitar arrastar as árvores
cortadas pelo chão no local da derrubada , as quais serão
contaminadas com os microorganismos presentes no solo.
Devemos
tomar o máximo cuidado
em manter as cascas das toras integras , pois a ausência
de casca dificulta a formação dos cogumelos (os primórdios
do cogumelo se formam sob a casca), além da casca servir
como uma barreira contra os contaminantes e evitar o ressecamento
da tora.
O ideal é derrubar as árvores
e cortá-las em toras no próprio local onde estão
plantadas , evitando machucar a casca das toras durante o transporte.
Após o corte as toras devem ser armazenadas na posição
horizontal em um local sombreado e sem contato com o solo, evitando a incidência
de raios solares que podem causar o desprendimento da casca.
Abaixo estão
listadas algumas espécies de Eucalipto adequadas ao cultivo em toras
pois apresentam madeira mais mole:
E.grandis
E.urophilla
E.globulus
E.saligna
Evitar as espécies
que apresentam substâncias odoríferas como por exemplo o E.citriodora
(eucalipto cheiroso).
Para identificar a espécie
adequadamente procure auxílio de um Engenheiro Agrônomo.
Etapa
03 – Furação das Toras
Devemos fazer uma série
de furos nas toras para proceder a inoculação do micélio.
Os furos devem ter uma profundidade de 2 cm e diâmetro de 0,8 a 1,2
cm (depende do inoculador). Os furos devem ser feitos logo após
o corte em toras.
A inoculação e parafinagem também
devem ser executadas logo após a furação.
Foto de brocas importadas
do Japão CLIQUE
AQUI
Algumas dessas brocas
já possuem incorporadas um limitador de profundidade de furo, que
pode ser visto nas duas brocas das extremidades da foto acima (as que tem
um anel com diâmetro maior próximo ao meio da broca).
A quantidade de furos é variável
de acordo com o diâmetro e comprimento das toras .
Devemos proceder uma maior quantidade de furos ao redor de galhos e nas
duas pontas das toras para assegurarmos uma colonização mais rápida
das pontas pelo micélio do fungo, pois essas áreas estão
sujeitas à maior incidência de contaminações .
O esquema de espaçamento
de furação abaixo serve para toras de 1,0 metro de comprimento:
Toras com diâmetro
de 10 cm - 6 linhas de furos com 6 ou 7 furos por linha
Toras com diâmetro de 15 cm - 9 linhas de furos com 6 ou 7 furos por
linha
Usando o esquema de furação
acima , o total do número de furos em uma tora de 1 metro de comprimento
corresponde a aproximadamente 4 vezes o diâmetro da tora, ou seja:
Toras de 10 cm de diâmetro - quantidade
de furos aproximada é de 40 furos (4 x 10 cm) ou (6 linhas x 7 furos
por linha = 42 furos)
Toras de 15 cm de diâmetro - quantidade
de furos aproximada é de 60 furos (4x15 cm) ou (9 linhas x 7 furos
por linha = 63 furos)
DESENHO
DO ESQUEMA DE FURAÇÃO CLIQUE
AQUI
Usar preferencialmente
furadeiras potentes (acima de 400W) e de alta rotação (Makita,
Toshiba, etc) cuja rotação varia entre 4.000 a 12.000 rpm
ou mesmo na falta destas usar furadeiras nacionais que giram em torno de
2.000 rpm , apesar de não serem recomendadas para furar muitas toras.
As furadeiras de alta
rotação combinadas com brocas afiadas
permitem um melhor rendimento e fazem furos sem rebarbas. A furadeira deve
ter um dispositivo limitador da profundidade do furo CLIQUE
AQUI
Etapa
04 – Inoculação das toras
A inoculação
das toras consiste em introduzir o inoculante (feito com serragem) nos
furos feitos com a broca usando-se um aparelho chamado inoculador.Introduzir
o micélio
do fungo em vários pontos da tora favorecerá a
colonização
da mesma pelo cogumelo que se está cultivando antes que os contaminantes
o façam.
O crescimento do micélio dentro das toras acompanha
o sentido das fibras da madeira, portanto o crescimento é mais
rápido
no sentido do comprimento da tora e menor no sentido da largura da tora CLIQUE
AQUI. Esse é o motivo dos furos serem menos espaçados
entre as fileiras (5 cm) e mais espaçados nas fileiras (15 cm) CLIQUE
AQUI .
Se usássemos uma
maior quantidade de inoculante por tora conseguiriamos acelerar a colonização
da mesma , porém
isso representa uma maior quantidade de furos e maior consumo de inoculante
com aumento de custos.
A inoculação de poucas toras pode ser feita com um inoculador
manual a pistão CLIQUE
AQUI . Este tipo de inoculador permite preencher um furo apenas
por vez , devendo ser recarregado com mais inoculante para preencher o
próximo
furo.Uma mola interna
faz com que o pistão interno retorne a posição
inicial toda vez que é liberado.
O pistão interno
tem um comprimento tal que deixa na ponta do inoculador um espaço
vazio interno , o qual é preenchido com o inoculante . O espaço
vazio tem um comprimento que corresponde à profundidade
do furo feito com a broca CLIQUE
AQUI.
Para pequenos testes ,
já cheguei a utilizar uma
seringa descartável que foi preparada conforme a foto CLIQUE
AQUI .
Nesse caso deve-se usar uma broca cujo diâmetro corresponda
ao diâmetro
interno da seringa.
Para grandes quantidades de toras devemos adquirir um inoculador com
reservatório
acoplado . Este reservatório serve para guardar o inoculante em
grande quantidade , permitindo preencher vários furos em seguida
sem necessidade de ser recarregado a cada nova inoculação.
Devemos observar uma boa
higiene de todos os utensílios que irão
entrar em contato com o inoculante, devendo os mesmos serem lavados com água
e detergente e depois limpos com álcool. As
mãos de quem
trabalha com o inoculante devem estar também limpas e desinfetadas
com álcool antes de
mexer com os materiais de inoculação .
O inoculante utilizado
deverá ser de preferência bem novo e com micélio
vigoroso. Devemos retirar o inoculante da embalagem onde foi produzido
e passá-lo
para um recipiente plástico limpo e com tampa , desmanchando os
torrões
formados de forma que fique com aspecto homogêneo. Quando é misturado
, o inoculante fica com aspecto de serragem úmida, porém
quando estiver no interior da tora o micélio voltará à crescer
ficando de novo branco.
O odor do inoculante
sadio deve ser o do próprio
cogumelo. Caso apresente odor de fermentação deverá ser
descartado e substítuido por outro em boas condições.
Procurar deixar o recipiente onde foi colocado o inoculante sempre protegido
com sua tampa.
Carrega-se o inoculador
manual comprimindo-se a ponta deste de encontro ao inóculo feito
em serragem que já foi desagregado
conforme citado acima. Coloca-se a ponta do pistão alinhada
com o furo feito na tora e empurra-se o inoculante para dentro
do furo ,
deixando-se o
inóculo bem paralelo a superfície da tora e um
pouco abaixo da casca.
Devemos inocular as toras logo após terem sido furadas para evitar que
os furos fiquem muito tempo expostos aos contaminantes presentes no ar e também
evitar que os furos se ressequem.
Uma boa inoculação é aquela
em que os furos estão totalmente preenchidos porém com o nível
do inoculante abaixo da casca , para facilitar a aplicação de
uma camada de parafina derretida bem aderente ao furo.
Um procedimento adequado
para inocular várias toras mais rapidamente é trabalhar em dupla
ou mesmo três pessoas , sendo que uma pessoa ficará responsável
pela furação das toras, outra pela inoculação e
a terceira responsável pelo fechamento dos furos com parafina
derretida.
Para facilitar a inoculação , as toras deverão
ser colocadas sobre cavaletes CLIQUE
AQUI com altura adequada aos operadores que
irão trabalhar em
pé todo o tempo. O cavalete pode ser feito com
barras de ferro soldadas ou de madeira. Nesses cavaletes
procedem-se as três etapas mencionadas
acima.
Consumo aproximado de inoculante:
10 litros para 100 toras
de 1,0 m x 10 cm de diâmetro
15 litros para 100 toras de 1,0 m x 15 cm de diâmetro.
Etapa
05 - Fechamento dos furos com parafina derretida
Após proceder a
inoculação , os furos devem ser tampados com parafina derretida
de forma a impedir a penetração de contaminantes externos
, evitar que o inoculante seque e evitar a infiltração de água
nos furos.
Um fator de grande importância
a ser observado é a
temperatura de aplicação da parafina (entre 115--120ºC)
que se estiver muito quente provocará um desperdício demasiado
de parafina que se evapora com formação de fumos tóxicos
além do perigo de pegar fogo. Se for aplicada muito fria , não
aderirá bem aos furos ficando quebradiça e esbranquiçada
, chegando a se despreender dos furos. A parafina aplicada na temperatura
adequada ficará transparente e irá ter um boa aderência
ao furo.
Caso a parafina venha
a cair , por ter sido aplicada muito fria , esse ponto de inoculação
ficará comprometido e
o micélio inoculado não irá crescer adequadamente
, se contaminará ou mesmo morrerá.
A aplicação
da parafina sobre os furos já inoculados pode ser feita com
um pincel ou com uma “boneca” de
palha de aço. Essa “boneca” de aproximadamente
3 cm de diâmetro é feita amarrando-se com arame fino
um pedaço
de palha de aço envolvendo a ponta de uma vareta fina feita
de madeira ou bambu . Esse chumaço de palha de aço
conservará a
temperatura adequada da parafina por mais tempo. A
aplicação
da parafina é feita imergindo-se a "boneca" de palha
de aço na parafina derretida e pincelando-se os furos inoculados,
recobrindo-se uma área ao redor dos furos com diâmetro
de cerca de 2 vezes o diâmetro do furo. Para uma boa vedação
aplicar a parafina duas vezes em cada furo.
Para recolher o excesso de parafina que escorre das toras para o
chão
devemos recobrí-lo com uma chapa de “Duratex” ou
melhor ainda com uma folha metálica (folha de Flandres) do tipo
usado para construir calhas para água de chuva em telhados, de forma
que possamos raspar essa parafina para reaproveitá-la, bastando
apenas derretê-la novamente e retirar-se as impurezas dissolvidas.
Devemos ter cuidados extremos com a segurança ao trabalhar com parafina
derretida que pode provocar queimaduras graves por derramamento sobre a pele
e pelo risco de incêndio. Usar de preferência um fogão doméstico
ou um aquecedor elétrico que permite uma boa estabilidade do recipiente
usado para se derreter a parafina , evitando que este tombe e cause acidentes.
Um
aquecedor elétrico tem a vantagem de não ter chamas e possuir
um melhor controle da temperatura pelo uso de um termostato.
Consumo de parafina aproximado
5 Kg para 150 a 200 toras
Etapa
06 – Incubação das toras
Após a inoculação
das toras e fechamento dos furos com a parafina derretida devemos transferir
as toras para a área de incubação.
Esse local deve
ter as seguintes características :
Chão de terra
recoberto com cascalho ou pedra britada para evitar a formação
de lama.
Deve ser sombreado porém, sem incidência de raios solares
diretamente sobre as toras. A incidência de luz solar direta sobre
as toras causa a morte do fungo no interior das toras pela elevação
da temperatura interna . Em dias com temperatura muito elevada a tendência
das toras é se
ressecarem mais rápidamente , portanto devemos ter cuidados redobrados
com a manutenção da umidade nas toras , molhando-as até ficar
completamente úmidas duas a três vezes por dia.
Se a umidade
das tora abaixar muito , a casca se soltará ,desprendendo a parafina
e matando os inóculos. Caso sequem demais , as próprias toras
racharão.
Caso não exista sombra suficiente usar cobertura de bambu ou tela
de sombreamento (sombrite 70-90%).
Devemos dispor de uma fonte de água limpa para molhar as toras, utilizando-se
de mangueira ou mesmo aspersores para o caso de grandes produções.
Devemos evitar colocar as toras em locais com pouca ventilação
ou com ventilação excessiva. A falta de ventilação
associada à toras com cascas sempre umidas irá favorecer
o aparecimento de fungos competidores do gênero Trichoderma (bolores
verdes). Esse tipo de fungo aprecia locais sombreados , com muita umidade
e pouca ventilação.
As toras , a medida que
vão envelhecendo ,ficam com as cascas
mais macias e absorvem água mais fácilmente. Esse fato
associado com a presença
de contaminantes (bolor verde), faz com que seja necessário
descartarmos as toras que apresentarem esse tipo de contaminação.
As toras descartadas devem ser levadas para locais distantes do local
de cultivo, sob
pena de contaminarem as toras restantes.
O local pode ser descoberto ou não , devendo-se observar que nos
dias chuvosos não será necessário molharmos as toras
, caso a chuva incida sobre as mesmas .
Devemos empilhar horizontalmente
as toras inoculadas em camadas , formando pilhas de
toras, com espaçamento de cerca de 3 a 5 cm entre uma
tora e outra. Devem ser empilhadas longe do chão colocando-se
as duas toras da base sobre blocos de cimento do tipo usado em
construção civil. As
toras seguintes são intercaladas em camadas cruzadas de
cinco ou seis toras até uma altura de cerca de 1,50 metros CLIQUE
AQUI .
As toras mais finas devem ser colocadas nas partes mais baixas
e mais ao centro da pilha pois se ressecam mais fácilmente.
A distribuição
da umidade em uma pilha de toras tende a deixar as partes mais
baixas e centrais da pilha com maior teor de umidade do que
o restante da pilha. Portanto a distância
de separação entre as toras da parte superior
da pilha deve se menor do que as toras da parte de baixo.
Devemos
proceder um rodízio
a cada 2 meses nas pilhas de toras, passando as toras da parte
de baixo da pilha para a parte de cima e vice-versa e proceder
também um giro de
180º em cada tora, ou seja a parte de baixo de cada tora é girada
ficando voltada para cima.Esse procedimento uniformiza a umidade
e o crescimento do micélio em toda as toras da pilha.
Um outro cuidado referente ao manuseio das toras é referente aos
pontos de contato entre as toras. Nesses locais , o micélio chega
a “soldar” as
cascas de uma tora na outra podendo desprender pedaços
da casca quando se desfaz a pilha de toras. O manuseio
deve ser feito com cuidado para evitar
a perda de parte da casca nesses pontos.
Quando
a inoculação , parafinagem e controle das
irrigações
são feitos corretamente , o micélio passa
a crescer do inóculo
para as fibras da madeira. Esse início de crescimento
pode ser percebido após 2 ou 3 meses, pois o local
de inoculação adquire
uma coloração amarelada sob a parafina
e a casca da tora nesses locais fica mais macia devido à colonização
da casca pelo micélio. O micélio em crescimento
irá se alastrar por toda
a tora e irá aparecer nas extremidades destas
, formando desenhos brancos intercalados com regiões
de coloração mais escura.
O crescimento
do micélio na tora prossegue com a decomposição
da madeira pelo fungo para obter os nutrientes necessários
para a fase seguinte que é a frutificação.
Etapa
07 – Indução dos Primórdios e Frutificação
Após passados alguns
meses ,com o amadurecimento da tora inoculada , a frutificação
pode ocorrer de forma expontânea geralmente após alguns dias
chuvosos ou quando ocorrer um ligeiro abaixamento da temperatura ambiente.
Essa frutificação inicia-se com o aparecimento de pequenas
protuberâncias sob a casca da tora (primórdios do cogumelo).
Esses primórdios rompem a casca e progridem o seu crescimento até a
completa formação do cogumelo.
Para ativarmos esse processo e termos um certo controle sobre quando
queremos que as toras entrem em produção (indução
dos primórdios),
realizamos a imersão das toras em água fria cuja temperatura
foi abaixada de 5 a 10º C em relação à temperatura
ambiente através de barras de gêlo ou por meio de um aparelho
de refrigeração que resfria a água em um tanque separado
do tanque onde estão imersas as toras.
As toras são deixadas
imersas nessa água por cerca de 12 a 24 horas , dependendo do clima
e do teor de umidade das toras.O tanque utilizado deve ter altura suficiente
a fim de acomodar as toras em seu interior de forma que fiquem totalmente
imersas na água. As toras devem ser colocadas na horizontal cuidadosamente
dentro do tanque vazio e serem mantidas submersas através de ganchos
chumbados no fundo e amarradas com cabos de aço ou cordas nesses ganchos
, pois tendem a boiar quando se enche o tanque com água.
Depois de transcorrido
o tempo de imersão , as toras são retiradas do tanque e colocadas
de forma intercalada e inclinadas quase na vertical em um local coberto
sem incidência de luz solar direta porém bem iluminado para
que os cogumelos não fiquem com aspecto pálido devido à falta
de luz.
Esse local não deve ter muita circulação de
ar. A umidade relativa do ar deve ser controlada molhando-se o chão
e as paredes (as toras podem ser molhadas somente até 48 horas depois
da indução) para que se mantenha elevada (entre 80-90 %).
Se
o cogumelo for irrigado diretamente, ficará com aspecto melado
devido ao ataque de bactérias e se estragará mais rápidamente
durante a armazenagem na geladeira . Usar um medidor de umidade relativa CLIQUE
AQUI , colocado no centro do barracão de produção,
para fazer o controle da necessidade ou não das irrigações.
Os primórdios aparecem na superfície das toras entre
dois a três dias depois do processo de indução
e a colheita ocorre entre sete a dez dias depois , dependendo da temperatura
ambiente,
quanto mais quente , mais rápido ocorrerá a colheita
e vice-versa.
Uma tora rende várias
colheitas , e a medida que o teor de nutrientes decresce , a quantidade
de cogumelos produzida irá decrescer também até que
não ocorra mais nenhuma germinação de cogumelos. Essas
toras devem então ser retiradas da área de produção
, pois favorecem uma maior incidência de pragas (fungos e insetos)
que podem comprometer o restante da produção. Essa madeira
pode ser utilizada como matéria prima para produção
de húmus.
Etapa
08 - Colheita
A colheita dos cogumelos
deve ser feita quando as bordas do chapéu ainda estão levemente
curvadas para baixo. Para se efetuar a colheita , devemos segurar o cogumelo
pelo pé e ao mesmo tempo que se empurra levemente o pé do
cogumelo em direção da tora fazendo uma ligeira torção
até que o cogumelo se desprenda , evitando arrancar um pedaço
da casca junto. Os cogumelos devem ser colhidos apenas com o uso das mãos.
Não devemos usar facas para retirar o cogumelo da tora , pois o
pedaço que fica aderido à tora constitui-se num foco de contaminação.
Os cogumelos colhidos devem ser préviamente limpos dos restos de casca
aderidos ao pé e colocados em embalagem plástica (isopor) , recobertos
com filme de pvc aderente e colocados no refrigerador (4ºC) onde podem
permanecer bons para consumo até 7 dias em média , dependendo
da variedade cultivada.
Podem ainda passarem por processo de secagem , o que aumenta em muito
o tempo de conservação. Com certas espécies de cogumelos (ex.
Shiitake) a secagem acentua o aroma e sabor pela ação de enzimas
presentes no fungo. Podem ser secos ao sol ou em estufas com temperatura controlada
e variável (inicial 35ºC e final 60ºC com aumento gradual
da temperatura).
Para fazer a secagem ao sol pode-se construir um secador solar de acordo
com o seguinte esquema: CLIQUE
AQUI , onde os cogumelos são arrumados distanciados uns
dos outros na superfície do secador. Colocar uma tela metálica
de malha aberta sobre a chapa pintada de preto e sobre esta tela metálica
colocar os cogumelos . A secagem leva geralmente 2 a 3 dias dependendo
da insolação
do local de secagem. Se forem colocados com as lamelas viradas para cima
aumenta-se a área de exposição à luz ultravioleta
do sol e consequentemente aumenta-se o teor de vitamina D2 que é formada
pela exposição ao sol.
Depois de seco o cogumelo
fica com um teor de umidade em torno de 10% . O ponto ideal de secagem é quando
não
se consegue empurrar o pé do cogumelo em direção
ao chapéu
e o cogumelo fica quebradiço. Devido ao fato de ser muito higroscópico
, o cogumelo que passou por secagem deve ser armazenado dentro de 2
sacos de polipropileno grossos , um colocado dentro do outro e ainda
esses sacos
podem
ser guardados dentro de latas que apresentam tampa com vedação
adequada.
Se por acaso os cogumelos
ficarem úmidos dentro dessas
embalagens (ficam flexíveis novamente) , podem chegar a mofar
e o consumo de cogumelos embolorados deve ser evitado a todo custo
para não ocorra uma intoxicação
alimentar.
Ver mais algumas informações na página sobre
conservação dos cogumelos pós colheita.
Etapa
09 – Fase de Descanso das Toras
Depois de se proceder
a colheita , as toras devem retornar para a área de incubação
onde ficarão por mais 40 a 60 dias em descanso , se preparando para
um novo processo de indução e colheita.
Durante esse período
o micélio absorve mais nutrientes das toras se preparando para uma
nova produção. O controle das irrigações deve
ser feito de forma mais cuidadosa para se evitar a ocorrência de
contaminantes na casca das toras, evitando-se deixar as cascas muito tempo úmida
e ao mesmo tempo evitar que as toras se ressequem.
A indução
das toras deve ser feita agora por um tempo maior (cerca de 24 horas),
visto que as toras estarão mais secas e mais impermeáveis à água
devido ao crescimento do micélio no interior da tora.
Geralmente
as toras possibilitam 4 a 5 ciclos de descanso e indução
antes que se esgotem todos os nutrientes da tora. Quando a tora estiver
esgotada , sua casca já terá se soltado quase por completo
e a madeira ficará tão apodrecida que qualquer batida
fará com
que se quebre muito facilmente, devendo então ser descartada.
Nessa etapa é necessário que já tenhamos outras
toras em fase final de incubação para serem usadas como
substitutas dessas toras exauridas e garantir a continuidade da produção.
Para maiores detalhes
sobre cultivo em toras, consultar a página sobre bibliografia Livros
indicados
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