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Cultivo em Toras de Madeira

 

Cultivo em Toras de Eucalipto


O Cultivo em toras de madeira pode ser feito com a maioria das espécies comentadas nesse site. A espécie Stropharia rugoso-annulata não se desenvolve em toras de madeira , porém pode ser cultivada em cavacos de madeira frescos.

Uma das espécies comestíveis mais cultivadas no mundo em toras de madeira é o Shiitake (Lentinula edodes). No Brasil, o Shiitake é bastante cultivado em toras de eucalipto. O cultivo de cogumelos em toras apresenta algumas vantagens e desvantagens. Veja algumas :

Vantagens: A madeira é uma matéria prima relativamente limpa que não requer tratamento térmico, a exemplo do cultivo em serragem ou compostos , os quais requerem alguma espécie de tratamento térmico para eliminar os organismos competidores.

A madeira para uso no cultivo de cogumelos deve ser recém cortada e não apresentar sinais de deterioração por fungos e nem estar ressecada. A casca deve recobrir toda a tora , devendo-se evitar seu ressecamento ou a incidência de raios solares diretos que causam a queda da casca.

A formação do cogumelo inicia-se sob a casca e nos locais onde ela caiu, o cogumelo geralmente não se forma.

Desvantagens : O período de incubação das toras é geralmente longo (em média 3 a 5 meses). A produtividade de algumas espécies de cogumelos em toras (por exemplo : Pleurotus) é geralmente mais baixa que a produzida em compostos pasteurizados além da desvantagem do maior tempo de incubação (em compostos, o tempo de incubação gira em torno de 15 dias).

Apesar disso ,as toras de madeira são muito utilizadas em pequenas produções de forma artesanal e até em grandes cultivos.


Princípios do Método


O príncipio do cultivo em toras de eucalipto resume-se em cortar as toras em tamanhos manuseáveis (1 metro de comprimento por 12 a 15 cm de diâmetro), furar os pontos de inoculação com brocas e furadeira elétrica, inocular todos os furos com inóculo feito a base de serragem e tampar os furos inoculados com parafina derretida.

Depois de inoculadas as toras devem ser empilhadas em um local adequado para que o micélio colonize toda a tora (incubação) onde devem ser irrigadas todos os dias para evitar o ressecamento da tora e da casca.

Depois de incubadas, as toras são mergulhadas em água mais fria que o ambiente (choque térmico), escorridas e colocadas em outro local para proceder-se o crescimento e a colheita dos cogumelos.

O choque térmico em água ocasiona o aparecimento dos primórdios do cogumelos sob a casca das toras devido ao aumento do teor de umidade e a diminuição da temperatura.


Preparo das Toras


Materiais necessários:

 

Inóculo preparado em serragem, brocas ,furadeiras ,parafina para fechar os furos inoculados, inoculador e as toras cortadas na medida padrão comentada acima.


Etapas do Cultivo


A produção de cogumelos em toras de Eucalipto pode ser dividida em várias etapas :

01 - Preparo do inoculante
02 - Seleção da árvore e corte das toras de Eucalipto
03 - Furação das toras
04 - Inoculação das toras
05 - Fechamento dos furos com parafina derretida
06 - Incubação das toras
07 - Indução dos Primórdios e Frutificação
08 - Colheita
09 - Fase de Descanso das Toras


Etapa 01 – Preparo do Inoculante


A qualidade do inoculante é um dos fatores que levam à uma boa produção de cogumelos. Este inoculante pode ser feito em serragem de acordo com a o procedimento da página Preparo de inoculante.

O inoculante sadio totalmente colonizado deve ter coloração branca CLIQUE AQUI e estar isento de contaminantes coloridos (contaminação por fungos) CLIQUE AQUI , ou apresentar líquidos com cheiro azedo (contaminação bacteriana) .

O produtor deve programar o corte e a inoculação das toras de forma a usar um inoculante que tenha sido preparado recentemente e que esteja na fase de crescimento máxima , onde o micélio está totalmente ativo, colonizando a tora com mais facilidade.

É importante que o inoculante esteja totalmente colonizado pelo micélio do fungo para poder ser usado. Se existirem áreas onde o micélio não colonizou a serragem , aguardar até que toda a serragem seja colonizada para poder usar o inoculante.

No caso do Shiitake , o inoculante que foi incubado em excesso pode apresentar a formação de uma capa externa endurecida de coloração marrom e eliminação de líquido marrom , não devendo ser usado , por ser um inoculante velho.(CLIQUE AQUI)


Etapa 02 - Seleção das árvores e corte das toras de Eucalipto


Para obter-se uma colonização rápida pelo micélio do fungo devemos escolher árvores jovens que apresentem uma região de cerne pequena em relação ao diâmetro da tora.

O cerne ,que pode ser visualizado quando se faz um corte transversal na tora, apresenta coloração diferente e corresponde à parte mais central da tora (“miolo”) CLIQUE AQUI . Essa região apresenta maior resistência à decomposição pelo micélio do fungo , demorando mais tempo para entrar em produção. De preferência use as toras que tem menos cerne CLIQUE AQUI .


O diâmetro ideal das toras deve estar em torno de 10 a 15 cm e o comprimento em torno de 0,8-1,2 metros. As toras com diâmetro pequeno (5 a 8 cm) iniciam a produção antes que uma tora mais grossa , porém a quantidade de cogumelos e o tamanho destes é menor , além de deixarem de produzir cogumelos mais cedo.

As toras mais grossas que 15 cm podem ser usadas , porém demorarão mais tempo para iniciarem a produção. Essas toras devem ser cortadas em comprimento menor que 1,0 metro para facilitar o manuseio , devido ao seu maior peso .

Devemos escolher árvores que apresentem casca lisa e grossa porém sem machucados , o que facilitará a inoculação e diminuirá a possibilidade de ocorrerem contaminações das toras no momento da inoculação.


No momento da derrubada da árvore devemos fazer com que a mesma caia evitando atingir outras árvores ou mesmo pedras no solo. Os machucados na casca provenientes do choque entre árvores permitem que os contaminantes presentes no solo e no ar penetrem na tora antes que o micélio do fungo possa se estabelecer.

Da mesma forma devemos evitar arrastar as árvores cortadas pelo chão no local da derrubada , as quais serão contaminadas com os microorganismos presentes no solo.

Devemos tomar o máximo cuidado em manter as cascas das toras integras , pois a ausência de casca dificulta a formação dos cogumelos (os primórdios do cogumelo se formam sob a casca), além da casca servir como uma barreira contra os contaminantes e evitar o ressecamento da tora.

O ideal é derrubar as árvores e cortá-las em toras no próprio local onde estão plantadas , evitando machucar a casca das toras durante o transporte.


Após o corte as toras devem ser armazenadas na posição horizontal em um local sombreado e sem contato com o solo, evitando a incidência de raios solares que podem causar o desprendimento da casca.

Abaixo estão listadas algumas espécies de Eucalipto adequadas ao cultivo em toras pois apresentam madeira mais mole:

E.grandis
E.urophilla
E.globulus
E.saligna

Evitar as espécies que apresentam substâncias odoríferas como por exemplo o E.citriodora (eucalipto cheiroso).

Para identificar a espécie adequadamente procure auxílio de um Engenheiro Agrônomo.


Etapa 03 – Furação das Toras


Devemos fazer uma série de furos nas toras para proceder a inoculação do micélio. Os furos devem ter uma profundidade de 2 cm e diâmetro de 0,8 a 1,2 cm (depende do inoculador). Os furos devem ser feitos logo após o corte em toras.

A inoculação e parafinagem também devem ser executadas logo após a furação.

 

Foto de brocas importadas do Japão CLIQUE AQUI

 

Algumas dessas brocas já possuem incorporadas um limitador de profundidade de furo, que pode ser visto nas duas brocas das extremidades da foto acima (as que tem um anel com diâmetro maior próximo ao meio da broca).

A quantidade de furos é variável de acordo com o diâmetro e comprimento das toras .


Devemos proceder uma maior quantidade de furos ao redor de galhos e nas duas pontas das toras para assegurarmos uma colonização mais rápida das pontas pelo micélio do fungo, pois essas áreas estão sujeitas à maior incidência de contaminações .

O esquema de espaçamento de furação abaixo serve para toras de 1,0 metro de comprimento:

 

Toras com diâmetro de 10 cm - 6 linhas de furos com 6 ou 7 furos por linha


Toras com diâmetro de 15 cm - 9 linhas de furos com 6 ou 7 furos por linha

 

Usando o esquema de furação acima , o total do número de furos em uma tora de 1 metro de comprimento corresponde a aproximadamente 4 vezes o diâmetro da tora, ou seja:

 

Toras de 10 cm de diâmetro - quantidade de furos aproximada é de 40 furos (4 x 10 cm) ou (6 linhas x 7 furos por linha = 42 furos)

Toras de 15 cm de diâmetro - quantidade de furos aproximada é de 60 furos (4x15 cm) ou (9 linhas x 7 furos por linha = 63 furos)


DESENHO DO ESQUEMA DE FURAÇÃO CLIQUE AQUI

 

 

Usar preferencialmente furadeiras potentes (acima de 400W) e de alta rotação (Makita, Toshiba, etc) cuja rotação varia entre 4.000 a 12.000 rpm ou mesmo na falta destas usar furadeiras nacionais que giram em torno de 2.000 rpm , apesar de não serem recomendadas para furar muitas toras.

As furadeiras de alta rotação combinadas com brocas afiadas permitem um melhor rendimento e fazem furos sem rebarbas. A furadeira deve ter um dispositivo limitador da profundidade do furo CLIQUE AQUI


Etapa 04 – Inoculação das toras


A inoculação das toras consiste em introduzir o inoculante (feito com serragem) nos furos feitos com a broca usando-se um aparelho chamado inoculador.Introduzir o micélio do fungo em vários pontos da tora favorecerá a colonização da mesma pelo cogumelo que se está cultivando antes que os contaminantes o façam.

O crescimento do micélio dentro das toras acompanha o sentido das fibras da madeira, portanto o crescimento é mais rápido no sentido do comprimento da tora e menor no sentido da largura da tora CLIQUE AQUI. Esse é o motivo dos furos serem menos espaçados entre as fileiras (5 cm) e mais espaçados nas fileiras (15 cm) CLIQUE AQUI .

Se usássemos uma maior quantidade de inoculante por tora conseguiriamos acelerar a colonização da mesma , porém isso representa uma maior quantidade de furos e maior consumo de inoculante com aumento de custos.


A inoculação de poucas toras pode ser feita com um inoculador manual a pistão CLIQUE AQUI . Este tipo de inoculador permite preencher um furo apenas por vez , devendo ser recarregado com mais inoculante para preencher o próximo furo.
Uma mola interna faz com que o pistão interno retorne a posição inicial toda vez que é liberado.

O pistão interno tem um comprimento tal que deixa na ponta do inoculador um espaço vazio interno , o qual é preenchido com o inoculante . O espaço vazio tem um comprimento que corresponde à profundidade do furo feito com a broca CLIQUE AQUI.

Para pequenos testes , já cheguei a utilizar uma seringa descartável que foi preparada conforme a foto CLIQUE AQUI . Nesse caso deve-se usar uma broca cujo diâmetro corresponda ao diâmetro interno da seringa.


Para grandes quantidades de toras devemos adquirir um inoculador com reservatório acoplado . Este reservatório serve para guardar o inoculante em grande quantidade , permitindo preencher vários furos em seguida sem necessidade de ser recarregado a cada nova inoculação.

Devemos observar uma boa higiene de todos os utensílios que irão entrar em contato com o inoculante, devendo os mesmos serem lavados com água e detergente e depois limpos com álcool. As mãos de quem trabalha com o inoculante devem estar também limpas e desinfetadas com álcool antes de mexer com os materiais de inoculação .

O inoculante utilizado deverá ser de preferência bem novo e com micélio vigoroso. Devemos retirar o inoculante da embalagem onde foi produzido e passá-lo para um recipiente plástico limpo e com tampa , desmanchando os torrões formados de forma que fique com aspecto homogêneo. Quando é misturado , o inoculante fica com aspecto de serragem úmida, porém quando estiver no interior da tora o micélio voltará à crescer ficando de novo branco.

O odor do inoculante sadio deve ser o do próprio cogumelo. Caso apresente odor de fermentação deverá ser descartado e substítuido por outro em boas condições. Procurar deixar o recipiente onde foi colocado o inoculante sempre protegido com sua tampa.

Carrega-se o inoculador manual comprimindo-se a ponta deste de encontro ao inóculo feito em serragem que já foi desagregado conforme citado acima. Coloca-se a ponta do pistão alinhada com o furo feito na tora e empurra-se o inoculante para dentro do furo , deixando-se o inóculo bem paralelo a superfície da tora e um pouco abaixo da casca.


Devemos inocular as toras logo após terem sido furadas para evitar que os furos fiquem muito tempo expostos aos contaminantes presentes no ar e também evitar que os furos se ressequem.

Uma boa inoculação é aquela em que os furos estão totalmente preenchidos porém com o nível do inoculante abaixo da casca , para facilitar a aplicação de uma camada de parafina derretida bem aderente ao furo.

Um procedimento adequado para inocular várias toras mais rapidamente é trabalhar em dupla ou mesmo três pessoas , sendo que uma pessoa ficará responsável pela furação das toras, outra pela inoculação e a terceira responsável pelo fechamento dos furos com parafina derretida.


Para facilitar a inoculação , as toras deverão ser colocadas sobre cavaletes CLIQUE AQUI com altura adequada aos operadores que irão trabalhar em pé todo o tempo. O cavalete pode ser feito com barras de ferro soldadas ou de madeira. Nesses cavaletes procedem-se as três etapas mencionadas acima.


Consumo aproximado de inoculante:

10 litros para 100 toras de 1,0 m x 10 cm de diâmetro
15 litros para 100 toras de 1,0 m x 15 cm de diâmetro.


Etapa 05 - Fechamento dos furos com parafina derretida


Após proceder a inoculação , os furos devem ser tampados com parafina derretida de forma a impedir a penetração de contaminantes externos , evitar que o inoculante seque e evitar a infiltração de água nos furos.

Um fator de grande importância a ser observado é a temperatura de aplicação da parafina (entre 115--120ºC) que se estiver muito quente provocará um desperdício demasiado de parafina que se evapora com formação de fumos tóxicos além do perigo de pegar fogo. Se for aplicada muito fria , não aderirá bem aos furos ficando quebradiça e esbranquiçada , chegando a se despreender dos furos. A parafina aplicada na temperatura adequada ficará transparente e irá ter um boa aderência ao furo.

Caso a parafina venha a cair , por ter sido aplicada muito fria , esse ponto de inoculação ficará comprometido e o micélio inoculado não irá crescer adequadamente , se contaminará ou mesmo morrerá.

A aplicação da parafina sobre os furos já inoculados pode ser feita com um pincel ou com uma “boneca” de palha de aço. Essa “boneca” de aproximadamente 3 cm de diâmetro é feita amarrando-se com arame fino um pedaço de palha de aço envolvendo a ponta de uma vareta fina feita de madeira ou bambu . Esse chumaço de palha de aço conservará a temperatura adequada da parafina por mais tempo. A aplicação da parafina é feita imergindo-se a "boneca" de palha de aço na parafina derretida e pincelando-se os furos inoculados, recobrindo-se uma área ao redor dos furos com diâmetro de cerca de 2 vezes o diâmetro do furo. Para uma boa vedação aplicar a parafina duas vezes em cada furo.


Para recolher o excesso de parafina que escorre das toras para o chão devemos recobrí-lo com uma chapa de “Duratex” ou melhor ainda com uma folha metálica (folha de Flandres) do tipo usado para construir calhas para água de chuva em telhados, de forma que possamos raspar essa parafina para reaproveitá-la, bastando apenas derretê-la novamente e retirar-se as impurezas dissolvidas.


Devemos ter cuidados extremos com a segurança ao trabalhar com parafina derretida que pode provocar queimaduras graves por derramamento sobre a pele e pelo risco de incêndio. Usar de preferência um fogão doméstico ou um aquecedor elétrico que permite uma boa estabilidade do recipiente usado para se derreter a parafina , evitando que este tombe e cause acidentes.

Um aquecedor elétrico tem a vantagem de não ter chamas e possuir um melhor controle da temperatura pelo uso de um termostato.

Consumo de parafina aproximado 5 Kg para 150 a 200 toras


Etapa 06 – Incubação das toras


Após a inoculação das toras e fechamento dos furos com a parafina derretida devemos transferir as toras para a área de incubação.

Esse local deve ter as seguintes características :

Chão de terra recoberto com cascalho ou pedra britada para evitar a formação de lama.


Deve ser sombreado porém, sem incidência de raios solares diretamente sobre as toras. A incidência de luz solar direta sobre as toras causa a morte do fungo no interior das toras pela elevação da temperatura interna . Em dias com temperatura muito elevada a tendência das toras é se ressecarem mais rápidamente , portanto devemos ter cuidados redobrados com a manutenção da umidade nas toras , molhando-as até ficar completamente úmidas duas a três vezes por dia.

Se a umidade das tora abaixar muito , a casca se soltará ,desprendendo a parafina e matando os inóculos. Caso sequem demais , as próprias toras racharão. Caso não exista sombra suficiente usar cobertura de bambu ou tela de sombreamento (sombrite 70-90%).


Devemos dispor de uma fonte de água limpa para molhar as toras, utilizando-se de mangueira ou mesmo aspersores para o caso de grandes produções.


Devemos evitar colocar as toras em locais com pouca ventilação ou com ventilação excessiva. A falta de ventilação associada à toras com cascas sempre umidas irá favorecer o aparecimento de fungos competidores do gênero Trichoderma (bolores verdes). Esse tipo de fungo aprecia locais sombreados , com muita umidade e pouca ventilação.

As toras , a medida que vão envelhecendo ,ficam com as cascas mais macias e absorvem água mais fácilmente. Esse fato associado com a presença de contaminantes (bolor verde), faz com que seja necessário descartarmos as toras que apresentarem esse tipo de contaminação. As toras descartadas devem ser levadas para locais distantes do local de cultivo, sob pena de contaminarem as toras restantes.


O local pode ser descoberto ou não , devendo-se observar que nos dias chuvosos não será necessário molharmos as toras , caso a chuva incida sobre as mesmas .

Devemos empilhar horizontalmente as toras inoculadas em camadas , formando pilhas de toras, com espaçamento de cerca de 3 a 5 cm entre uma tora e outra. Devem ser empilhadas longe do chão colocando-se as duas toras da base sobre blocos de cimento do tipo usado em construção civil. As toras seguintes são intercaladas em camadas cruzadas de cinco ou seis toras até uma altura de cerca de 1,50 metros CLIQUE AQUI .


As toras mais finas devem ser colocadas nas partes mais baixas e mais ao centro da pilha pois se ressecam mais fácilmente. A distribuição da umidade em uma pilha de toras tende a deixar as partes mais baixas e centrais da pilha com maior teor de umidade do que o restante da pilha. Portanto a distância de separação entre as toras da parte superior da pilha deve se menor do que as toras da parte de baixo.

Devemos proceder um rodízio a cada 2 meses nas pilhas de toras, passando as toras da parte de baixo da pilha para a parte de cima e vice-versa e proceder também um giro de 180º em cada tora, ou seja a parte de baixo de cada tora é girada ficando voltada para cima.Esse procedimento uniformiza a umidade e o crescimento do micélio em toda as toras da pilha.


Um outro cuidado referente ao manuseio das toras é referente aos pontos de contato entre as toras. Nesses locais , o micélio chega a “soldar” as cascas de uma tora na outra podendo desprender pedaços da casca quando se desfaz a pilha de toras. O manuseio deve ser feito com cuidado para evitar a perda de parte da casca nesses pontos.

Quando a inoculação , parafinagem e controle das irrigações são feitos corretamente , o micélio passa a crescer do inóculo para as fibras da madeira. Esse início de crescimento pode ser percebido após 2 ou 3 meses, pois o local de inoculação adquire uma coloração amarelada sob a parafina e a casca da tora nesses locais fica mais macia devido à colonização da casca pelo micélio. O micélio em crescimento irá se alastrar por toda a tora e irá aparecer nas extremidades destas , formando desenhos brancos intercalados com regiões de coloração mais escura.

O crescimento do micélio na tora prossegue com a decomposição da madeira pelo fungo para obter os nutrientes necessários para a fase seguinte que é a frutificação.


Etapa 07 – Indução dos Primórdios e Frutificação


Após passados alguns meses ,com o amadurecimento da tora inoculada , a frutificação pode ocorrer de forma expontânea geralmente após alguns dias chuvosos ou quando ocorrer um ligeiro abaixamento da temperatura ambiente. Essa frutificação inicia-se com o aparecimento de pequenas protuberâncias sob a casca da tora (primórdios do cogumelo). Esses primórdios rompem a casca e progridem o seu crescimento até a completa formação do cogumelo.


Para ativarmos esse processo e termos um certo controle sobre quando queremos que as toras entrem em produção (indução dos primórdios), realizamos a imersão das toras em água fria cuja temperatura foi abaixada de 5 a 10º C em relação à temperatura ambiente através de barras de gêlo ou por meio de um aparelho de refrigeração que resfria a água em um tanque separado do tanque onde estão imersas as toras.

As toras são deixadas imersas nessa água por cerca de 12 a 24 horas , dependendo do clima e do teor de umidade das toras.O tanque utilizado deve ter altura suficiente a fim de acomodar as toras em seu interior de forma que fiquem totalmente imersas na água. As toras devem ser colocadas na horizontal cuidadosamente dentro do tanque vazio e serem mantidas submersas através de ganchos chumbados no fundo e amarradas com cabos de aço ou cordas nesses ganchos , pois tendem a boiar quando se enche o tanque com água.

Depois de transcorrido o tempo de imersão , as toras são retiradas do tanque e colocadas de forma intercalada e inclinadas quase na vertical em um local coberto sem incidência de luz solar direta porém bem iluminado para que os cogumelos não fiquem com aspecto pálido devido à falta de luz.

Esse local não deve ter muita circulação de ar. A umidade relativa do ar deve ser controlada molhando-se o chão e as paredes (as toras podem ser molhadas somente até 48 horas depois da indução) para que se mantenha elevada (entre 80-90 %).

Se o cogumelo for irrigado diretamente, ficará com aspecto melado devido ao ataque de bactérias e se estragará mais rápidamente durante a armazenagem na geladeira . Usar um medidor de umidade relativa CLIQUE AQUI , colocado no centro do barracão de produção, para fazer o controle da necessidade ou não das irrigações.

Os primórdios aparecem na superfície das toras entre dois a três dias depois do processo de indução e a colheita ocorre entre sete a dez dias depois , dependendo da temperatura ambiente, quanto mais quente , mais rápido ocorrerá a colheita e vice-versa.

Uma tora rende várias colheitas , e a medida que o teor de nutrientes decresce , a quantidade de cogumelos produzida irá decrescer também até que não ocorra mais nenhuma germinação de cogumelos. Essas toras devem então ser retiradas da área de produção , pois favorecem uma maior incidência de pragas (fungos e insetos) que podem comprometer o restante da produção. Essa madeira pode ser utilizada como matéria prima para produção de húmus.


Etapa 08 - Colheita


A colheita dos cogumelos deve ser feita quando as bordas do chapéu ainda estão levemente curvadas para baixo. Para se efetuar a colheita , devemos segurar o cogumelo pelo pé e ao mesmo tempo que se empurra levemente o pé do cogumelo em direção da tora fazendo uma ligeira torção até que o cogumelo se desprenda , evitando arrancar um pedaço da casca junto. Os cogumelos devem ser colhidos apenas com o uso das mãos. Não devemos usar facas para retirar o cogumelo da tora , pois o pedaço que fica aderido à tora constitui-se num foco de contaminação.


Os cogumelos colhidos devem ser préviamente limpos dos restos de casca aderidos ao pé e colocados em embalagem plástica (isopor) , recobertos com filme de pvc aderente e colocados no refrigerador (4ºC) onde podem permanecer bons para consumo até 7 dias em média , dependendo da variedade cultivada.


Podem ainda passarem por processo de secagem , o que aumenta em muito o tempo de conservação. Com certas espécies de cogumelos (ex. Shiitake) a secagem acentua o aroma e sabor pela ação de enzimas presentes no fungo. Podem ser secos ao sol ou em estufas com temperatura controlada e variável (inicial 35ºC e final 60ºC com aumento gradual da temperatura).


Para fazer a secagem ao sol pode-se construir um secador solar de acordo com o seguinte esquema: CLIQUE AQUI , onde os cogumelos são arrumados distanciados uns dos outros na superfície do secador. Colocar uma tela metálica de malha aberta sobre a chapa pintada de preto e sobre esta tela metálica colocar os cogumelos . A secagem leva geralmente 2 a 3 dias dependendo da insolação do local de secagem. Se forem colocados com as lamelas viradas para cima aumenta-se a área de exposição à luz ultravioleta do sol e consequentemente aumenta-se o teor de vitamina D2 que é formada pela exposição ao sol.

Depois de seco o cogumelo fica com um teor de umidade em torno de 10% . O ponto ideal de secagem é quando não se consegue empurrar o pé do cogumelo em direção ao chapéu e o cogumelo fica quebradiço. Devido ao fato de ser muito higroscópico , o cogumelo que passou por secagem deve ser armazenado dentro de 2 sacos de polipropileno grossos , um colocado dentro do outro e ainda esses sacos podem ser guardados dentro de latas que apresentam tampa com vedação adequada.

Se por acaso os cogumelos ficarem úmidos dentro dessas embalagens (ficam flexíveis novamente) , podem chegar a mofar e o consumo de cogumelos embolorados deve ser evitado a todo custo para não ocorra uma intoxicação alimentar.

Ver mais algumas informações na página sobre conservação dos cogumelos pós colheita.


Etapa 09 – Fase de Descanso das Toras


Depois de se proceder a colheita , as toras devem retornar para a área de incubação onde ficarão por mais 40 a 60 dias em descanso , se preparando para um novo processo de indução e colheita.

Durante esse período o micélio absorve mais nutrientes das toras se preparando para uma nova produção. O controle das irrigações deve ser feito de forma mais cuidadosa para se evitar a ocorrência de contaminantes na casca das toras, evitando-se deixar as cascas muito tempo úmida e ao mesmo tempo evitar que as toras se ressequem.

A indução das toras deve ser feita agora por um tempo maior (cerca de 24 horas), visto que as toras estarão mais secas e mais impermeáveis à água devido ao crescimento do micélio no interior da tora.

Geralmente as toras possibilitam 4 a 5 ciclos de descanso e indução antes que se esgotem todos os nutrientes da tora. Quando a tora estiver esgotada , sua casca já terá se soltado quase por completo e a madeira ficará tão apodrecida que qualquer batida fará com que se quebre muito facilmente, devendo então ser descartada.

Nessa etapa é necessário que já tenhamos outras toras em fase final de incubação para serem usadas como substitutas dessas toras exauridas e garantir a continuidade da produção.

Para maiores detalhes sobre cultivo em toras, consultar a página sobre bibliografia Livros indicados