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Composto Feito Com Restos Vegetais - Folha de Bananeira Seca - Preparação

 

Preparo do substrato:


As folhas de bananeira utilizadas devem ser colhidas quando ainda estão presas ao caule da bananeira , porém não devem estar úmidas e nem verdes. Para que possam ser usadas como substrato ,as folhas devem estar totalmente secas (ao apertar as folhas elas se quebram com facilidade) (CLIQUE AQUI) . As folhas devem ter aspecto sadio e cor clara , não devendo estar contaminadas com fungos (folhas com aspecto escuro) e nem ter sido coletadas diretamente do chão a fim de que se minimize a contaminação por microorganismos presentes no solo.
As folhas devem ser picadas em picadeira agrícola de forma que os pedaços fiquem em torno de 3 cm para facilitar o manuseio e enchimento dos sacos posteriormente. Os pedaços picados deverão ser pasteurizados por imersão em água quente (70-80ºC) por 45 minutos a 1 hora. Não deixar que a temperatura da água se eleve muito (não ferver) para que não se liberem açúcares solúveis na água de pasteurização o que poderia comprometer o resultado da pasteurização com o aparecimento de contaminantes que se alimentam desses açúcares liberados.


Pasteurização


A pasteurização é feita usando-se um tambor metálico de 200 litros aquecido a lenha ou por queimador a gás em sua parte inferior. O material picado deve ser acomodado dentro de um cesto metálico resistente e com malha fina para evitar que o substrato se espalhe dentro do tambor.

Primeiramente colocamos a água no tambor em um nível suficiente para cobrir o material picado sem que transborde e aquece-se a água até a temperatura acima. Depois mergulha-se o cesto metálico com o material picado de forma que este material fique totalmente submerso todo o tempo da pasteurização.Se necessário , usar pesos para manter todo o substrato imerso na água quente.

A temperatura da água deve ser monitorada de forma a manter-se dentro da faixa estabelecida acima. Esse cesto deve possuir um sistema de roldanas e cordas para que possa ser levantado com mais facilidade após ser pasteurizado devido ao fato de ficar muito mais pesado após absorver água.

Após ser retirado da água ,deve-se escorrer todo o excesso de água impregnado nas folhas picadas para que não se forme um depósito de água no fundo dos sacos que serão inoculados pois essa água favorece o aparecimento de contaminações.O teor de umidade ideal deve estar em torno de 70% que pode ser verificado apanhando-se um punhado de material e apertando-se com as mãos .O ponto ideal de umidade deve ser aquele em que as mãos ficam úmidas e quando se aperta firmemente o substrato escorrem poucas gotas de água por entre os dedos. Se estiver muito úmido escorrerá muita água e se estiver muito seco não escorrerá água alguma.


Resfriamento


Para possibilitar a inoculação , o material deve ser resfriado espalhando-o sobre uma mesa de fórmica (onde se efetuou uma limpeza com álcool) para que se resfrie até a temperatura ambiente (em torno de 25ºC). Essa mesa deve estar recoberta com um filme plástico grosso e novo. O local utilizado para o resfriamento do material deve ser fechado , limpo sem correntes de ar e pode ser o mesmo local onde se procederá a inoculação do substrato posteriormente. Todos os materiais devem ter sido previamente desinfetados com formol , álcool ou água sanitária.


Inoculação


Para facilitar o trabalho de inoculação das folhas de bananeira pasteurizadas , é aconselhável trabalhar com no mínimo duas pessoas.Uma fica responsável pelo enchimento dos sacos com o substrato e a outra só manuseia as "sementes". As duas pessoas devem fazer a higiene das mãos limpando-as de tempos em tempos com álcool.O uso de luvas novas, limpas e desinfetadas com álcool também ajuda a minimizar a contaminação.

Para a inoculação usamos sacos plásticos novos transparentes de polietileno com tamanho em torno de 25 x 30 cm onde podemos colocar cerca de 2 a 3 Kg de material pasteurizado.O enchimento dos sacos é feito colocando-se uma camada de folhas pasteurizadas no fundo do saco e espalhando-se por cima (com as mãos desinfetadas com álcool) um pouco de inoculante em grãos , repetindo-se este procedimento até preencher quase que totalmente o saco , camada após camada.

As camadas devem ser bem compactadas de forma a evitar deixar espaços vazios. Amarra-se a boca do saco ,identificando a espécie que se está cultivando e a data de inoculação por meio de canetas de ponta porosa ou etiquetas.


Incubação


Depois de inoculados , os sacos devem ser transferidos para a sala de incubação ,colocados em prateleiras ,onde deverão permanecer no escuro e com temperatura ambiente em torno de 23ºC.Os sacos devem ser colocados afastados alguns centímetros entre sí e nunca uns sobre os outros. O crescimento do fungo no substrato gera calor devido ao seu metabolismo , causando um aumento da temperatura interna do substrato .Essa temperatura não deve ficar muito alta (sempre abaixo de 30ºC) para evitar que ocorra a morte do micélio dentro do substrato. Observa-se após alguns dias que o micélio começará a crescer a partir dos grãos do inoculante para se espalhar por todo o substrato (demora em média 15 a 20 dias para colonizar todo o substrato dentro dos sacos).Quando todo o substrato estiver colonizado, o bloco ficará com aspecto compacto e todo branco. Caso surjam contaminações coloridas ou leitosas , devemos eliminar os sacos contaminados. O aroma do micélio do fungo em crescimento atrai insetos.Os cogumelos Pleurotus são atacados por pequenas moscas pretas e besouros de carapaça alaranjada que colocam ovos e geram larvas que se alimentam do micélio e do próprio cogumelo , por isso esse local deve estar protegido com telas finas caso venha a ser utilizado também como sala de produção.
Alguns dias depois da inoculação , quando o micélio já tiver se estabelecido bem no substrato devemos fazer pequenos furos com uma agulha grossa e esterilizada para se aumentar a ventilação dentro dos sacos (aproximadamente 10 furos de cada lado dos sacos).A próxima etapa é a frutificação onde as condições ambientais serão alteradas para favorecer a formação dos primórdios (fase inicial de formação dos cogumelos) e o crescimento dos cogumelos.


Frutificação


Para que se inicie a formação dos primórdios é necessária a presença de luz com aumento da aeração e da umidade relativa do ar ambiente (aumentar para 85-95 %) que deverá ser mantida alta durante toda fase de frutificação. Quando o substrato estiver com aspecto compacto e branco , devemos fazer com estiletes desinfetados , pequenos cortes em X (1 cm) na superfície dos sacos para que os cogumelos se formem nesses locais. Caso não se façam esses cortes com o estilete , os cogumelos irão se desenvolver no espaço entre a parede do saco e o substrato , ficando mal formados com pé comprido e sem chapéu (CLIQUE AQUI) .Caso cresçam com aspecto afilado porém , do lado de fora dos sacos , indicam que o ambiente está com pouca ventilação ou com pouca luz. Se a umidade cair muito e por muito tempo durante a fase de formação dos primórdios e durante seu crescimento, estes não se desenvolverão estacionando seu crescimento, ficando amarelados e secando . A iluminação considerada suficiente, na prática, é aquela em que podemos ler de forma confortável as letras de um jornal com o braço estendido. Quando a luminosidade ambiente for baixa ,a coloração do chapéu ficará desbotada. Depois que os primórdios se formam os cogumelos serão colhidos depois de 4 a 6 dias aproximadamente. A umidade deve ser mantida aspergindo-se água sobre as paredes e no chão ,evitando molhar os cogumelos diretamente. Caso fiquem molhados entre uma irrigação e outra , podem ficar com aspecto melado , diminuindo o tempo de armazenamento.


Colheita


Devemos colher os cogumelos quando as bordas estiverem quase planas. A partir desse momento ocorrerá a liberação em massa de esporos que podem causar alergias respiratórias em pessoas sensíveis. Recomenda-se usar máscaras com filtros contra poeira para evitar inalar os esporos dos fungos durante a colheita (CLIQUE AQUI) . Os cogumelos colhidos devem estar sem sinais de umidade superficial para que se conservem em boas condições por mais tempo após a colheita. Ver a página sobre conservação dos cogumelos pós colheita.


Método alternativo à pasteurização


Este método pode ser usado como uma alternativa à pasteurização com água quente. É um método adequado para cultivo dos cogumelos do gênero Pleurotus pulmonarius , ostreatoroseus , sajor-caju e Pleurotus branco, que são fácilmente produzidos em temperaturas ambientes acima de 20º C utilizando-se de substratos simples como : palha de cereais, capins , ou folhas de bananeira picados . Estes materiais após serem picados, são tratados por imersão em uma solução de cal hidratada (0,5 a 1,0 % de cal hidratada em água ) , deixados de molho nessa solução (solução fria, não é necessário aquecer nada) por uma noite e no dia seguinte drenar bem a solução de cal excedente, colocando-se o composto tratado em sacos de polietileno novos , procedendo a inoculação com o micélio preparado em sementes de cereais.

A inoculação é feita da seguinte forma : Colocar uma camada do material tratado e drenado no fundo do saco plástico e por cima um punhado do micélio preparado em grãos de cereais (sementes), outra camada de material e outra porção de sementes , até preencher todo o saco plástico. Procurar não deixar espaços vazios dentro do saco, compactando bem o material a cada camada adicionada. Procure trabalhar com um ajudante que irá manusear as sementes enquanto você manuseia só o material tratado. Ambos devem lavar as mão e desinfetá-las com álcool antes de manusear o material e as sementes.

Após preencher todo o saco com o material e as sementes , amarrar a boca do saco com um amarril ou elástico e com uma tesoura cortar os bicos das duas pontas do saco plástico (pontas da base do saco plástico) de forma que saia todo o excesso de solução de cal que costuma depositar no fundo do saco plástico . Procede-se então a incubação do material em local limpo e escuro, para que seja todo colonizado pelo micélio do cogumelo.

Depois de alguns dias , todo o material estará colonizado pelo micélio e ficará todo branco. Estará pronto para iniciar a produção dos cogumelos. Para isso , fazemos com um bisturi ou gilete , pequenos cortes espaçados nas paredes laterais dos sacos colonizados (cortes em X com cerca de 1 cm) e então colocamos os sacos em ambiente com umidade, ventilação, temperatura e iluminação adequadas para essas espécies. Os cogumelos sairão pelos cortes efetuados nos sacos plásticos e se desenvolverão até o ponto de colheita, se as condições adequadas (umidade,ventilação,etc) forem mantidas.