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Cultivo de Stropharia rugoso-annulata

 

Stropharia rugoso-annulata


O cultivo da Stropharia em outros países é feito geralmente em palha de cereais (principalmente a palha de trigo). Podemos seguir os procedimentos da página preparo do composto substituindo-se a folha de bananeira indicada neste procedimento pela palha de trigo. Não utilizar o procedimento alternativo feito com água de cal porque esse cogumelo tem sua produção inibida em presença de sais de Cálcio . Portanto deve-se evitar usar cal ou calcário também para o acerto do pH do substrato de cultivo. Esse cogumelo também pode ser cultivado em cavacos de madeira frescos. O inóculo usado pode ser feito com sementes de cereais de acordo com a página Sementes . Pode-se preparar também um inóculo com palhas de cereais picadas em pequenos pedaços (1 a 2 cm) , o qual é menos suscetível à contaminação. As palhas picadas são umidecidas e depois esterilizadas em panela de pressão po 1:30 horas dentro de vidros de palmito. Após o resfriamento , inocular este material com o micélio em ágar. Usar este material , após estar totalmente colonizado pelo micélio, no lugar dos grãos de cereais. Para o cultivo em cavacos de madeira frescos , usar um inóculo preparado com serragem e cavacos de madeira com umidade em torno de 60 %.

O micélio deste cogumelo cresce em faixa de temperatura ampla (entre 4ºC e 32ºC), sendo de colonização relativamente lenta porém considerado fácil de cultivar.

O tamanho dos cogumelos alcança tamanho avantajado entre 4 a 15 cm em média, porém deve ser consumido ainda pequeno para aproveitar melhor o sabor e aroma. Os primórdios CLIQUE AQUI são de coloração vinácea com o chapéu coberto de algumas pequenas escamas brancas e com o pé branco. Possui um anel membranoso unindo o chapéu ao pé do cogumelo quando o chapéu ainda está fechado. Os esporos são de coloração púrpura e o micélio em ágar é branco . A coloração do cogumelo maduro é marrom avermelhada na parte de cima do chapéu e azulada na parte de baixo devido às lamelas recobertas de esporos CLIQUE AQUI . O pé apresenta a base em formato bulboso com micélios ramificados aderidos à esta.

É necessário recobrir toda a superfície do substrato de cultivo ( após ter sido totalmente colonizado e estar isento de contaminantes visíveis) , com uma camada de terra (3 a 4 cm de altura) que tenha boa capacidade de retenção de água e com boa porosidade. Tenho usado uma mistura de terra vegetal peneirada , isenta de restos de madeira apodrecida , misturada com vermiculita (para reter umidade) e pó de xaxim (para dar estrutura à terra) e com um pouco de húmus de minhoca (fornece os microorganismos necessários). A vermiculita é um tipo de mineral muito leve e com grande capacidade de retenção de água. Seu aspecto lembra a cortiça moída em pó CLIQUE AQUI . Esta terra é tratada com formol líquido para eliminação de insetos, porém antes de ser usada como cobertura , devemos deixar que o cheiro de formol desapareça por completo. Como alternativa tratar com vapor d´agua em temperatura máxima de 60ºC e por um tempo máximo de 1 hora de tratamento. Se exceder muito o tratamento com vapor , as bactérias presentes na terra morrerão e a produção ficará prejudicada.

Esse tipo de cogumelo depende da microflora presente na terra de cobertura para que frutifique, por isso não produz em terra que foi esterilizada. Outra função da terra de cobertura é fornecer água e os minerais , além dos microorganismos necessários para a formação e crescimento dos cogumelos.

Para aplicar a terra , deve-se antes umidecê-la bem até estar saturada ao máximo, porém sem água em excesso , evitando que a água fique escorrendo. Após esparramar a terra de cobertura sobre o substrato (já colonizado) e nivelá-la , devemos cobri-la com uma folha plástica limpa e deixar que o micélio colonize essa terra de cobertura até alcançar a superfície. Quando o micélio alcançar a superfície devemos aumentar a aeração do local de cultivo , porém mantendo a umidade relativa do ar elevada. Espirrar água em pequenas quantidades com um borrifador de gotas finíssimas sobre a superfície da terra de cobertura. Nâo permitir que se acumulem gotas dágua sobre a superfície da terra ou sobre os primórdios dos cogumelos. É melhor usar o pouca água por vez e aplicá-la mais vezes durante o dia do que aplicar muita água de uma só vez e em poucas vezes.

Os cogumelos da foto acima foram cultivados em composto preparado com bagaço de cana triturado recentemente (de usina ou de alambique) , adicionado de 5% de farelo de arroz e 65 % de água . A terra de cobertura usada foi a descrita acima.

Esse composto foi fermentado dentro de uma caixa de isopor de 120 litros tampada porém foi virado totalmente a cada dois dias para que fermentasse aeróbicamente. Durante a fermentação do composto a temperatura chega a atingir em torno de 70ºC no meio do composto. Esta temperatura elevada atua causando uma pasteurização natural do composto. Com a diminuição do teor de oxigênio no interior do composto , a temperatura de fermentação começa a diminuir , devendo-se proceder a viragem do mesmo , para alimentar com mais oxigênio os microorganismos responsáveis pela fermentação. A viragem é feita despejando-se o composto em fermentação em cima de uma folha plástica que depois é retornado para o interior da caixa de isopor. A finalidade da viragem é permitir a introdução de oxigênio em todo o composto para que ocorra a fermentação por bactéria aeróbicas (que respiram oxigênio). A fermentação anaeróbica (sem ar) realizada por bactérias anaeróbicas produz um composto mal cheiroso e inadequado ao crescimento do cogumelo , sendo portanto indesejada. A temperatura de fermentação voltará a subir novamente enquanto houver nutrientes e oxigênio disponível no interior do composto. As viragens ocorreram até que a temperatura de fermentação pare de subir após cada viragem .Coloca-se o composto em caixas plásticas quadradas e inocula-se esse composto camada após camada até quase encher a caixa. Deixar um espaço vazio para que possa ser colocada a terra de cobertura posteriormente. Cobrir com plástico e incubar até que fique totalmente tomado pelo micélio da Stropharia. Proceder a cobertura do composto com a mistura de terra tratada com formol conforme explicado acima e seguir os procedimentos descritos para se conseguir a frutificação dos cogumelos.

VALORES DE PARÂMETROS PARA REFERÊNCIA

Composto : usar composto feito com palha de cereais pasteurizada em água quente ou cavacos de madeira frescos.

Tratamento térmico :pasteurizar a 70-80ºC por 1 hora

Inóculo : preparar com sementes de cereais ou com palhas picadas, ou no caso do cultivo em cavacos usar inóculo feito com serragem e cavacos misturados.

Inoculação : usar 4 % de inóculo em relação ao peso de substrato úmido ou 20 % em relação ao peso de substrato seco.Se usar uma quantidade maior de inóculo , o tempo de colonização será menor , pois este cogumelo apresenta crescimento do micélio um pouco lento , devendo ser compensado com maior quantidade de pontos de inoculação.

Umidade do composto : 62-63% (palhas)

Incubação: temperatura ambiente: 21-27ºC , duração 25-45 dias em ausência de luz.

Colocação da terra de cobertura : Cobrir com uma camada de 3 a 4 cm de altura .Duração do crescimento do micélio nesta camada aproximadamente 14 a 21 dias

Indução dos primórdios : temperatura ambiente : 10-16ºC e umidade relativa de 95-100% . Aumentar a aeração do ambiente e manter a iluminação equivalente a luz natural sob uma árvore durante o dia. Borrifar água em gotas finíssimas sobre a terra de cobertura , evitando que esta resseque.

Frutificação : temperatura ambiente : 16-21ºC , umidade relativa 90-95%.Iluminação e aeração conforme acima. Duração 7-14 dias.Colher os cogumelos ainda jovens no ponto antes que o anel sob o chapéu tenha se rompido.

De acordo com Stamets este cogumelo não deve ser consumido por muitos dias seguidos nem em presença de álcool , pois pode causar desarranjo gastro-intestinal quando consumido em excesso pela inibição das enzimas responsáveis pela digestão. Consumir então com cuidado e sem exageros.

 

Informações mais detalhadas sobre o cultivo deste cogumelo e de outras espécies podem ser encontradas nos livros do autor Paul Stamets indicados na página de livros deste site. Clique AQUI para acessar esta página.

 

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