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O Início de Tudo - Obter Uma Cultura de Micélio Pura

 

CULTURA INICIAL - OBTENÇÃO


O primeiro passo é obter uma cultura com o micélio do cogumelo desejado e que esteja livre de contaminantes. Para evitarmos as contaminações , devemos trabalhar dentro das máximas condições de higiene e assepsia possíveis, devendo-se escolher como local de trabalho um ambiente limpo e isento de poeira , sem tapetes ou cortinas , sem correntes de ar e com uma bancada ou mesa bem iluminadas e com superfície lisa revestida de azulejos brancos , ou com fórmica ou com uma placa de vidro grossa ou ainda uma chapa de aço inóx, os quais permitem realizar uma desinfecção adequada com álcool.


Materiais necessários

Alguns materiais também são necessário. Abaixo segue uma lista deles :

1) Bico de Bunsen com botijão de gás (CLIQUE AQUI)– encontrado em lojas de equipamento para laboratório ou Lamparina a álcool (CLIQUE AQUI) – encontrada em lojas de equipamentos odontológicos .

2) Isqueiro ou fósforos.

3) Álcool - para desinfecção das mãos e da bancada de trabalho.

4) Papel toalha - para efetuar a limpeza com álcool.

5) Haste metálica - fio de ferro ou níquel-cromo (resistência de chuveiro) com cabo isolante ao calor (CLIQUE AQUI) , com diâmetro de 1,0 mm , cujo comprimento seja suficiente para chegar ao fundo do tubo de ensaio porém , evitando-se a introdução do cabo dentro dos tubos.Podemos improvisar fazendo o cabo com um bambuzinho bem fino (10 cm de comprimento) o qual facilita a troca das hastes metálicas, simplesmente introduzindo-se a haste no interior do bambuzinho. Para melhorar o aspecto , enrolar em torno do bambu um pedaço de fita veda-roscas ou pintá-lo.

A ponta da haste foi amassada para que se forme uma espécie de espátula , o que facilita as transferências de micélio .(CLIQUE AQUI)


6) Alça metálica - feita com resistência fina de chuveiro enrolada para formar uma argola na ponta , e com cabo isolante ao calor para fazer a coleta de esporos. (CLIQUE AQUI)

A argola na ponta mede cerca de 3 mm de diâmetro interno. Pode-se usar um cabo feito de bambu conforme o ítem anterior.


7) Tubo de ensaio com tampa rosqueada - com meio de cultura coberto pelo micélio do fungo (cultura mãe) VIDE SEMENTES

8) Autoclave ou Panela de pressão - para esterilizar os meios de cultura e equipamentos.

9) Tubos de ensaio com tampa rosqueada - com meio de cultura esterilizado (tubos de ágar inclinado)

10) Estante - para os tubos de ensaio

11) Máscara cirúrgica - para evitar contaminação das culturas pela própria pessoa que as manuseia.

12) Caneta de ponta porosa - para fazer marcações nos vidros.

13) Suporte - feito com arame encapado. Será usado para apoio das hastes metálicas próximo a chama do bico de Bunsen durante o manuseio .(CLIQUE AQUI)

14) Bisturis com lâminas descartáveis (CLIQUE AQUI)

15) Pinças de áço inoxidável - Usadas para retirar pequenos pedaços do interior do cogumelo e obter a cultura por clonagem do cogumelo desejado.(CLIQUE AQUI)

 


Fontes de obtenção das culturas

A) Esporos - coletados do cogumelo que se deseja cultivar.

B) Pedaço do cogumelo - deve-se usar um cogumelo fresco , não muito velho e recém colhido, de onde se retira com o auxílio de uma pinça esterilizada , um pedaço da parte interna do cogumelo. Com este método, obtemos uma cultura clonada do material genético do cogumelo.

C) Culturas em ágar - proveniente de um banco de culturas.

Este site (CogumeloHobby) tem disponível para venda diversas culturas de cogumelos comestíveis e medicinais em ágar , já devidamente identificadas.

1.1) Diferenças relativas à origem da cultura


1.1.1) Cultura obtida de esporos

A produção de uma cultura a partir de esporos implica na coleta desses esporos de forma asséptica e fazer sua germinação em meio nutritivo sólido (ágar + nutrientes). Nesse tipo de reprodução é necessária a combinação de no mínimo dois esporos para se produzir um micélio viável. Devido à variabilidade genética ocorrida entre os diversos cruzamentos dentre os milhares de esporos coletados , serão obtidas diversas culturas que podem ser ou não mais produtivas que a do cogumelo que originou os esporos. Por outro lado podemos fazer melhoramentos genéticos de uma cultura de cogumelos por cruzamento entre esporos de várias origens e estudarmos a produtividade e resistência aos contaminantes de cada combinação obtida. A reprodução por meio de esporos é chamada de reprodução sexuada.

Para obtermos uma cultura a partir de esporos usamos uma placa de vidro (10x10 cm aproximadamente) esterilizada com álcool e depois flambada com o bico de Bunsen.

Para isso, passar um algodão com álcool sobre a placa de vidro (apoiada sobre a bancada) para desinfetá-la e passar a chama do bico de Bunsen sobre a placa para flambá-la. Deixar a placa esfriar próximo ao bico de Bunsen aceso. Esse método não assegura uma coleta de esporos do cogumelos livres de esporos de contaminantes. Posteriormente poderá ser necessária a purificação dessas culturas ou o seu total descarte , devido aos contaminantes.

Podemos também utilizar um método mais adequado que é feito esterilizando-se as placas de vidro em panela de pressão. Em primeiro lugar , limpar as placas que irão ser usadas para coleta dos esporos com álcool .Deixar o álcool evaporar completamente e embrulhar as placas individualmente com papel alumínio e proceder a esterilização em panela de pressão por 30 a 60 minutos. Colocar um suporte metálico dentro da panela de pressão de tal forma que as placas fiquem bem acima do nível de água dentro da panela, fazendo com que recebam o calor somente do vapor d´água. Deixar esfriar completamente a panela antes de retirar as placas , para evitar que se quebrem por choque térmico.

Podemos também usar placas de Petri esterilizadas em panela de pressão ou autoclave, conforme descrito acima ou ainda esterilizada em estufa à 150-180ºC por 1 hora (embrulhadas em papel alumínio). Também devemos deixar esfriar totalmente as placas de Petri antes de abrir a porta da estufa.

Devemos então escolher um cogumelo bem limpo , cortar seu pé e suspender o "chapéu" com as lamelas (parte inferior do "chapéu" do cogumelo) viradas para baixo sobre a placa de vidro (ou placa de Petri) pré-esterilizada , sem que o cogumelo toque a placa , cobrindo o conjunto com uma tampa de vidro (ou com a tampa da placa de Petri se estiver usando uma placa de Petri para coleta) para evitar o ressecamento do cogumelo e possíveis contaminações pelo ar.

Deixar o cogumelo por 12 a 24 horas para que se obtenha uma boa deposição de esporos sobre a placa de vidro (em inglês = spore print).(CLIQUE AQUI)

Remover o cogumelo e descartá-lo. Para preservar a coleta de esporos, colocar a outra placa de vidro, também esterilizada , sobre a placa que se coletou os esporos , selando os quatro lados das placas com tiras de esparadrapo.

Se a coleta foi feita em placa de Petri, selar as laterais da placa de Petri (já fechada com a tampa) usando um material chamado Parafilm (CLIQUE AQUI) . O Parafilm é um filme plástico translúcido e auto-vedante que possui a propriedade de ser esticado e aderir aos frascos de vidro , vedando-os e sem deixar qualquer resíduo, pois não utiliza cola .Na falta deste usar esparadrapo para vedar as placas de vidro ou as placas de Petri, porém o esparadrapo deixará resíduos de cola.

Se os esporos estiverem com aspecto úmido , após serem coletados do cogumelo , deixar que sequem um pouco (sempre sob a tampa de vidro mencionada acima) antes de serem cobertos pela segunda placa de vidro. Essa secagem impede que os esporos germinem entre as placas de vidro.

Anotar a espécie do cogumelo e a data de coleta dos esporos com a caneta de ponta porosa. Colocar as placas já seladas com o esparadrapo (ou com Parafilm) dentro de sacos grossos de polipropileno (PP) e usar uma seladora de sacos plásticos para fechar o saquinho em torno da placa, deixando uma folga em torno da mesma.

Armazenar as placas (seladas dentro dos sacos de PP) na geladeira (não congelar), onde poderão ficar guardadas por vários anos. Em minha coleção possuo esporos de Stropharia rugoso-annulata que estão armazenados desde 1994 e que ainda germinam muito bem.

Para germinar os esporos , transferir com o auxílio da alça metálica , um pouco dos esporos para um tubo com ágar inclinado (com antibiótico), para que ocorra sua germinação. Os procedimentos são feitos do seguinte modo:


1.1.2) Germinação de esporos - Procedimento

1) Colocar a máscara cirúrgica e desinfetar a bancada de trabalho e as mãos com álcool (cuidado!).Deixar todo o álcool evaporar.

2) Acender o bico de Bunsen e flambar a alça metálica na chama do bico de Bunsen até ficar avermelhada .Depois disso, deixar esfriar próximo à chama, apoiada no suporte (CLIQUE AQUI)

3) Abrir um tubo de ágar inclinado (ágar com antibiótico), flambar a boca do tubo na chama do bico de Bunsen.

4) Introduzir a alça metálica no tubo e tocar a superfície do ágar para que esfrie e também para que fique aderido um pouco do ágar. Passar essa alça sobre um pouco dos esporos coletados na placa de vidro citada acima. Evitar abrir muito as placas de vidro e tocar os esporos somente com a ponta esterilizada da alça. Também evitar tocar com a alça , qualquer local que não seja a superfície coberta de esporos.

5) Voltar a introduzir a alça metálica no tubo de ágar inclinado e espalhar os esporos em zig-zag sobre a superfície do meio de cultura dentro do tubo. Flambar a boca do tubo de ensaio, fechá-lo com a tampa rosqueável e marcar os dados relativos à espécie de cogumelo utilizada e a data de inoculação, colocando o tubo na estante.

6) Devido ao fato do cogumelo já poder estar contaminado com bactérias e esporos de bolores , devemos fazer várias inoculações de esporos para que se obtenha ao menos 2 ou 3 culturas livres de contaminações , usando meio de cultura com antibiótico para controlar o crescimento de bactérias. Armazenar os tubos inoculados com os esporos em local limpo isento de poeira e com temperatura em torno de 25ºC para promover o crescimento do micélio proveniente da germinação dos esporos.

Deve-se observar diariamente o desenvolvimento do micélio nos tubos que deverá ter aspecto branco e livre de pontos coloridos (verde,azul,etc) ou aspecto leitoso e com odor de fermentação, que indicam a presença de contaminantes. Qualquer tubo que apresentar problemas de contaminação deve ter seu conteúdo descartado e o tubo lavado para ser reaproveitado.

7) Dos tubos que não apresentarem sinais de contaminação ,devemos repicar sómente o micélio que apresentar crescimento mais rápido para outros tubos com meio de cultura .(vide inoculação de ágar). Esses tubos repicados deverão ser avaliados nas fases seguintes , que são a produção de sementes em grãos de trigo e a produção do cogumelo em composto. Muitas vezes um contaminante só irá aparecer quando for transferido para os grãos de cereais.


1.1.3) Cultura obtida por clonagem do fungo

A cultura é iniciada retirando-se um pedaço do interior do cogumelo e depositando-se esse pedaço em um meio nutrivo solidificado com ágar onde o micélio irá se desenvolver. Com esse tipo de procedimento obtemos culturas com características próximas à da cultura inicial. Esse tipo de reprodução é chamada de assexuada ,onde basicamente faz-se um clone do organismo original.

Para obtermos uma cultura através da “clonagem” do cogumelo devemos proceder conforme abaixo:

1) Colocar a máscara cirúrgica e desinfetar a bancada de trabalho e as mãos com álcool (cuidado!). Aguardar que o álcool evapore para acender o bico de Bunsen. A função da chama de gás é produzir uma área estéril em sua proximidade e portanto ao se trabalhar com os materiais próximos à mesma ,tem-se assegurada a transferência de micélio sem introdução de contaminantes carregados pelo ar , porém o restante do material que vai entrar em contato com o meio de cultura já deverá estar também esterilizado .

2) Selecionar um cogumelo que não seja muito novo e nem muito velho (deve estar na fase ideal de crescimento).

3) Partir o cogumelo com as mãos (rasgá-lo) de forma a expor seu interior. Não devemos cortá-lo com faca ou estilete pois estaremos introduzindo contaminações da parte externa do cogumelo para seu interior.

4) Flambar a lâmina do bisturi e a haste metálica e colocá-las para esfriar no suporte .Cortar com o bisturi (pode usar também a pinça flambada e resfriada préviamente), um pedaço de mais ou menos 2 ou 3 mm do interior do cogumelo próximo à área do chapéu , porém longe da superfície exterior e da região das lamelas (onde se produzem os esporos) e que apresente coloração clara. Algumas espécies de cogumelos tem os pés fibrosos , o que dificulta o corte com o bisturi , portanto evitar coletar material dessa área. Com o auxílio da haste metálica (já flambada e resfriada) pegar o pedaço do cogumelo que ficou aderido à lamina do bisturi e transferir esse pedacinho para um tubo de ágar inclinado com meio de cultura novo. Flambar a boca do tubo, fechar com a tampa rosqueável ; anotar os dados do cogumelo e data de inoculação com caneta de ponta porosa e colocar o tubo na estante.

Colocar os tubos com o micélio para incubar em uma estufa a 25ºC ou em ambiente limpo e escuro com temperatura em torno de 25ºC. Passados alguns dias , observa-se o início de crescimento do micélio sobre o pedaço de cogumelo. Esse micélio começará depois a crescer da superfície do pedaço do cogumelo para a superfície do ágar.

5) Deve-se observar diáriamente o desenvolvimento do micélio nos tubos que deverá ter aspecto branco e livre de pontos coloridos (verde,azul,etc) ou com aspecto leitoso e com cheiro de fermentação , que indicam a presença de contaminantes. Qualquer tubo que apresentar problemas de contaminação deve ter seu conteúdo descartado e o tubo lavado para ser reaproveitado.


1.1.4) Cultura já isolada em ágar

A grande vantagem em se usar esse tipo de procedimento inicial é a garantia de se partir de uma cultura já estabelecida e devidamente identificada, sendo ainda livre dos contaminantes que sempre aparecem durante a colheita de esporos ou do pedaço interno do cogumelo.

O site CogumeloHobby fornece micélio em ágar dentro de tubos de vidro com tampa rosqueável , onde a cultura já se encontra isolada e o tipo de cogumelo devidamente identificado.


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